Feito o balanço e autocrítica
do dia, o mais difícil ainda foi o ter de me levantar às 6 da manhã para estar
antes das 7 na Junta de Freguesia da Atouguia. Lá nos encontrámos,
pontualmente, os 10 que iriam compor as mesas de voto, com o Presidente e mais
pessoal.
Foi fácil preparar a
sala e comecei por dizer, aos outros 4 da mesa 1, que os saudava calorosamente (e
ensonadamente…), e que esperava que iriamos trabalhar em equipa, sob a
orientação dos mais experientes, onde me não incluía pois a minha experiência
naquelas tarefas era de outros tempos bem diferentes.
E começou a função de
receber votantes, secretariar e escrutinar todo o processo, de acordo com a
legislação e regras, de que se recebera basta documentação. Das 8 às 7 da
tarde, em boa convivência e fácil partilha de tarefas e intervalos (para almoço
e outras necessidades), tal como na mesa vizinha (para eleitores de inscrição mais
recente), tudo correu sem o menor incidente. Para mim, foi comovente ver velhos
rostos conhecidos e amigos (alguns bem envelhecidos) e cumprimentá-los, a
alguns chegando mesmo a tornear a mesa para que o abraço fosse real. Como foi
enternecedor ver crianças e adolescentes que acompanhavam o pai ou a mãe no
acto de votar. Em quatro ou cinco casos, foi mesmo ternura que senti porque,
estando naquela tarefa, me reconheceram de outros lados – como de recentes idas
a escolas ou do teatro – e manifestaram uma satisfação e até um carinho que me
comoveu.
Depois da longa jornada
de 12 horas, foi o complemento do que ali nos levara: contar os votos. De novo,
foi o trabalho partilhado, colectivo, sem atropelos e eficiente, que
possibilitou que rapidamente chegássemos ao final das nossas obrigações
cidadãs.
Esses resultados logo
me indiciaram o que veio a ser confirmado. Grande abstenção (maior na mesa dos
mais novos), elevado número de brancos e nulos, quedas muito significativas nos
votantes PSD/CDS e no Bloco, pequena descida nos do PS, subida significativa na
CDU (que bem maior seria se lhe somássemos os votos MRPP e os nulos por voto duplo,
neste e na CDU), subida excepcional no MPT, de certo modo cobrindo, numericamente,
a queda do Bloco.
Leio, eu – na Atouguia
e no País –, que eleitorado fiel do PSD ou não votou ou o abandonou, que este
eleitorado não foi acrescer o que vota PS, que manteve o seu eleitorado ou
pouco o subiu, que o eleitorado “flutuante” cresceu e que parte substancial
dele, na sua procura de onde botar o seu voto de protesto que não tivesse “a
foice e o martelo” (t’arrenego… por enquanto!) ou uma desilusão “bloqueada”,
encontrou o dr. Marinho Pinto no caminho.
Não acabo o meu dia de
cidadania (e todos o deveriam ser para todos) sem um sincero agradecimento aos
companheiros Paulo Lopes, José Manuel, Nelson Batista e Alda Maria, que tão bem
me ajudaram (ou eu a eles ajudei) na tarefa cidadã da mesa 1, uma saudação a
todos que, em todo o País, se assumiram cidadãmente, permitindo-me fazê-lo com
muito particular apreço para os que votaram CDU. A luta continua nas novas
condições criadas no final deste dia de cidadania.
Sérgio
Ribeiro
texto publicado no Notícias de Ourém de 29/05/2014
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