... e, se me permitem
escrever do que sei por experiência vivida, não foi conquista fácil!
Viver em sociedade,
como seres humanos que somos, implica direitos e deveres. De todos para com
todos. É certo que há diferenças, que cada um de nós é único. Mas há princípios
e valores que respeitam a todos. Ninguém discute alguns direitos, mas há
relações sociais que, ao privilegiar os interesses individuais, por o egoísmo
prevalecer sobre a solidariedade, agridem esses direitos, ou até os anulam em
relação a muitos dos contemporâneos e, sem disso se ter clara consciência colectiva,
também aos vindouros.
Dizer que se vive em
democracia é afirmação fácil que se comprova no facto do voto, enquanto direito
de todos, ter sido conquistado. Duramente, insiste-se. Para homens e mulheres.
Mas a democracia tem,
como a sociedade, várias vertentes: política, económica, social, cultural. E
sendo o voto necessário, como forma de se escolher quem possa representar
outros, ou todos de um colectivo nas instituições (e nas colectividades, quais
elas sejam), não é suficiente e exige uma questão prévia: a informação de quem
escolhe relativamente a quem o vai representar, quais as suas intenções,
programas, projectos. Só dessa informação pode resultar uma relação de
confiança, que o “prestar de contas” permanente confirmará ou infirmará.
Não haverá eleições
mais complexas que estas que se aproximam. Porque é para um órgão que nada diz
aos representados, aos cidadãos que escolhem, e, do que sabem, pouco é ou é propaganda
e desinformação. Porque essa escolha, para esse órgão, é de enorme importância,
num mundo cada vez mais internacionalizado, nem por isso menos baseado no
local, nas vivências quotidianas. De quem escolhe quem os represente.
Entre 22 e 25 de Maio,
em 28 países, Estados-membros de uma dita União Europeia (de que a “trempe” que
nos infernizou a vida – e ameaça
continuar – tinha dois “pés”, a Comissão e o Banco Central Europeu), um
universo de mais de 500 milhões de pessoas vai escolher 751 deputados que os
vão representar num Parlamento (dito) Europeu. A nós, portugueses, cabe-nos
escolher 21 – já foram 25 – e será no domingo, 25.
Mas não só é para uma
instituição longínqua, pouco e mal conhecida, como se desconhecem quase
totalmente os candidatos. Não é como escolher os vizinhos que melhor estarão na
Junta, ou os próximos que irão para a Câmara, ou os candidatos do nosso
distrito que irão para a Assembleia da República. São listas nacionais, não da
freguesia, do município ou da região. E para irem representar-nos em Bruxelas e
Estrasburgo (ainda há uma terceira sede – administrativa e judicial –, no
Luxemburgo). Por isso mesmo, a informação, as ideias, os programas, ainda
seriam mais necessários para uma escolha consciente.
No entanto, essa
informação é possível por via directa do conhecimento vivido (e sofrido) das
políticas e estratégias que nos têm vindo da U.E., de que têm sido veículos e
protagonistas os partidos que, desde os anos 80, nos têm (des)governado – PS,
PSD, CDS –, “bons alunos”, mais que disciplinados, obedientes ao que uma
Noruega recusou duas vezes, a Suiça não quer, o Reino Unido, a Dinamarca, a
Suécia optaram por ficar de fora (da moeda única, por exemplo).
Por isso, antes de
tudo, a escolha de quem nos represente tem a ver com o país que se quer numa
Europa que não seja o que a U.E. pretende ser, mas uma Europa solidária e em
paz. Por isso, o voto de cada um parecendo indiferente ou inútil, é uma decisão
importante. Única, imprescindível.
É um dever, como sempre
a contrapartida de um direito conquistado!
Sérgio
Ribeiro
texto enviado para o Notícias de Ourém para ser publicado em 23/05/2014
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