terça-feira, 13 de maio de 2014

Eleições à porta

Embora ande muita gente distraída – com o futebol, com as “saídas limpas” carregadas de falácias e mistificações mas que criam falsas esperanças, com o sol que chegou e convida a banhos do dito… nem que seja à porta de casa, com muitos etcs. – vai começar a campanha para a eleição, no dia 25 de Maio, dos deputados portugueses para o Parlamento Europeu. Entre 22 e 25 de Maio assim acontecerá nos países que são os agora Estados-membros de uma associação chamada União Europeia. E assim acontece desde 1979, sendo esta a 8ª vez que se realizam tais eleições em que os portugueses participam, escolhendo os seus representantes, desde 1989 (isto é, desde a 3ª vez). Sendo o homem as suas circunstâncias, as minhas fizeram com que tivesse sido candidato nas 3ª, 4ª, 5ª e 6ª, e sido eleito por forma a cumprir o todo ou parte desses 4 mandatos. Lembro-o como de um dever cumprido (e comprido!).

Olho esse(s) período(s) da minha vida como tempo de muita responsabilidade, de muita aprendizagem (a somar ao sempre pouco que se sabe), de muito trabalho. Lembro que reforcei a consciência da importância que essa frente de trabalho (e luta… como todas)) pode ter para todos nós. Por isso me enervo e denuncio quem não tem (ou não quer ter) essa consciência e faz, da passagem por eleito pelo povo português, um passeio (bem pago), um devaneio (para usofruto pessoal), um passo (um trampolim) numa “carreira”.

Por isso me choca e agride (sem intenção do agresssor…) ouvir aquela costumeira diatribe de “são todos iguais!”. 

Na derrapagem (que desejo controlar) de falar do que fiz, aconteceu-me que, ao ir consultar estatísticas no site oficial do Parlamento Europeu para confrontar prestações de deputados eleitos, espreitei os dados que a mim respeitam, não como Narciso se vê ao espelho mas em exercício de auto-crítica. Comecei por confirmar que, na 6ª legislatura, estive lá de 20 Julho de 2004 a 11 de Janeiro de 2005 (4 escassos meses úteis). (Tão cedo sai por ter tido a “sorte” de ter conseguido um importante relatório para os pescadores portugueses (sobretudo açoreanos), que vi aprovado apesar de forte oposição, sobretudo de espanhóis na defesa de interesses ligados à pesca de fundo e arrasto, tendo assim cumprido o compromisso para aceitar ser candidato por considerar ter justificado a minha eleição, sendo substituído por quem me seguia na lista, que estava “na calha”… até pela idade). Curiosamente, o cabeça de lista do PS para 25 de Março, que cumpriu todo o mandato – ou seja, 5 anos! – também apenas fez um relatório, fez o mesmo número de intervenções em plenário que eu (26) e fez apenas 9 perguntas parlamentares enquanto eu fiz 13!

Depois ninguém se admire que fique irritado quando ouço a tal frase dos “todos iguais”… Aliás, o João Ferreira, durante a 7ª legislatura fez só (!!!) 1854 intervenções, 57 relatórios e pareceres e 811 perguntas, e a Inês Zuber (2º nome da lista da CDU para 25 de Maio) e a Ilda Figueiredo (que a Inês foi substituir), durante o mandato que dividiram entre si, fizeram 1651 intervenções, 101 relatórios e 661 perguntas.

Cada número destes mereceria estudo e comentário. Não há tempo, nem espaço, nem (pre)disposição, tão necessários para que a escolha de quem nos represente seja fundamentada Mas esta seria a prática sadia de
democracia, que nem assim se esgotaria na vertente representativa.

Como sempre, daqui até 25 de Maio estaremos à disposição para o esclarecimento que qualquer um achar útil para melhor poder contribuir para a mudança necessária. Porque “isto” precisa de mudar! Ou não?!...

Sérgio Ribeiro
publicado no Notícias de Ourém de 9 de Maio de 2014

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