Alegria e reflexão em breves notas só…
… com um antelóquio de saudações calorosas e gratas a todos os camaradas e amigos que tão militantemente se empenharam para que o jubilo tivesse justificação.
1-Para quem se pretende
marxista, os resultados eleitorais são, também e sobretudo, uma forma de
conhecer (ou de aperceber) o “estado das massas”, uma espécie de termómetros. O
que não quer dizer que se menospreze o seu efeito na política em sentido
restrito (e pobre, redutor) da frente de luta da democracia representativa.
2-Há que nos congratularmos com os resultados obtidos, enquanto evidência
do enorme passo em frente (como expressão da luta de massas) depois de alguns
passos atrás a que temos sido forçados, sempre resistindo, após 25 de Abril de
1974 e 2 de Abril de 1976.
3- Poderá dizer-se que estes números traduzirão, desde que atenta e
cuidadosamente observados – qualitativamente –, “massas em transição” ou,
melhor seria…, em tomada de consciência, processo que tem
os seus riscos, na correlação de forças da luta de classes, pela sua antítese como
o mostram alguns sinais (até lembrando ou “repetindo” a História) de desespero,
até de radicalização fascizante.
4-Releva-se a escandalosa (quem é que não vê?!) escamoteação, pela
comunicação social “his master’s voice”, do enorme sucesso eleitoral da CDU,
com empolamento perverso das “independências”, e títulos tipo CDU ganhou
Loures mas perdeu líder parlamentar!!!
5-Sublinha-se ainda – até porque não vista ou pouco ou nada referida – a enorme relevância da abstenção, mas
sobretudo da abstenção daqueles e daquelas que, continuando
recenseados, ao emigrarem teriam “votado” antecipadamente.
6.-Significativamente, ou idiossincraticamente a partir da geografia e do
fundo cultural sempre em acumulação, os portugueses emigram! Para o Extremo
Oriente, descobertos os caminhos marítimos, para os Brasis, para Franças e
Araganças nos nossos contemporâneos tempos, em particular nos anos da crise de
agora, concretamente entre 2009 e 2013.
7-Os dados do recenseamento mal o reflectem porque esta emigração de agora
expressam a evolução demográfica mas não a migratória. Muitos/as portugueses/as,
e sintomaticamente os/as melhores preparados/as para e experimentados/as no
trabalho que escasseia cada vez mais, inundado pela especulação financeira,
abalam e levam consigo o cartão de eleitor!
8- Entre 2009 e 2013, a abstenção subiu de 3,4 milhões para 4,5 milhões,
quase 15%, e, destes, importaria saber quantos os não votaram por estar no
estrangeiro o procurar o que esta política lhes rouba. E muitos são, como
alguns exemplos que cada um conhece poderia ilustrar. E não, evidentemente, os
que beneficiam com a exploração e a especulação mas os que a sofrem e potencialmente
diriam não ao que os expulsa da pátria, e poderiam acrescer os votos por uma
política patriótica e de esquerda (e quantos estariam na manifestação de 18 de
Outubro?!).
10-Mas há mais (claro!), como os votos em branco e nulos (+51% e +53% em
relação a 2009), que se podem identificar como sendo os de quem, estando contra
esta política, não deu ainda o passo por uma outra política, pela
verdadeira alternativa; e também se poderiam juntar alguns casos de
“grupos de cidadãos” – embora bem poucos… porque a esmagadora maioria são
partidos escondidos (envergonhados?) com inde…pendências de fora.
Abstenção & Brancos e Nulos
|
|||||||
Votos
|
dif.
|
%
inscritos
|
|||||
2013
|
2009
|
Nº
|
%
|
2013
|
2009
|
pp
|
|
Brancos
|
193
|
95
|
98
|
50,8
|
2,0
|
1,0
|
1,0
|
Nulos
|
147
|
69
|
78
|
53,1
|
1,5
|
0,7
|
0,8
|
Abstenção
|
4502
|
3843
|
659
|
14,6
|
47,4
|
41,0
|
6,4
|
4842
|
4007
|
835
|
17,2
|
51,0
|
42,7
|
8,3
|
11-Os números e estas
reflexões que suscitaram, sem quaisquer pretensões que não as de deixar breves
notas a desenvolver, servirão para dar força à conclusão do tão significativo
resultado das eleições autárquicas, passo em frente numa frente de luta. De uma
luta que continua. Contínua.
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