quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ainda os resultados eleitorais

Alegria e reflexão em breves notas só…

… com um antelóquio de saudações calorosas e gratas a todos os camaradas e amigos que tão militantemente se empenharam para que o jubilo tivesse justificação.

1-Para quem se pretende marxista, os resultados eleitorais são, também e sobretudo, uma forma de conhecer (ou de aperceber) o “estado das massas”, uma espécie de termómetros. O que não quer dizer que se menospreze o seu efeito na política em sentido restrito (e pobre, redutor) da frente de luta da democracia representativa.
2-Há que nos congratularmos com os resultados obtidos, enquanto evidência do enorme passo em frente (como expressão da luta de massas) depois de alguns passos atrás a que temos sido forçados, sempre resistindo, após 25 de Abril de 1974 e 2 de Abril de 1976.
3- Poderá dizer-se que estes números traduzirão, desde que atenta e cuidadosamente observados – qualitativamente –, “massas em transição” ou, melhor seria…, em tomada de consciência, processo que tem os seus riscos, na correlação de forças da luta de classes, pela sua antítese como o mostram alguns sinais (até lembrando ou “repetindo” a História) de desespero, até de radicalização fascizante.
4-Releva-se a escandalosa (quem é que não vê?!) escamoteação, pela comunicação social “his master’s voice”, do enorme sucesso eleitoral da CDU, com empolamento perverso das “independências”, e títulos tipo CDU ganhou Loures mas perdeu líder parlamentar!!!
5-Sublinha-se ainda – até porque não vista ou pouco ou nada referida –  a enorme relevância da abstenção, mas sobretudo da abstenção daqueles e daquelas que, continuando recenseados, ao emigrarem teriam “votado” antecipadamente.
6.-Significativamente, ou idiossincraticamente a partir da geografia e do fundo cultural sempre em acumulação, os portugueses emigram! Para o Extremo Oriente, descobertos os caminhos marítimos, para os Brasis, para Franças e Araganças nos nossos contemporâneos tempos, em particular nos anos da crise de agora, concretamente entre 2009 e 2013.
7-Os dados do recenseamento mal o reflectem porque esta emigração de agora expressam a evolução demográfica mas não a migratória. Muitos/as portugueses/as, e sintomaticamente os/as melhores preparados/as para e experimentados/as no trabalho que escasseia cada vez mais, inundado pela especulação financeira, abalam e levam consigo o cartão de eleitor!
8- Entre 2009 e 2013, a abstenção subiu de 3,4 milhões para 4,5 milhões, quase 15%, e, destes, importaria saber quantos os não votaram por estar no estrangeiro o procurar o que esta política lhes rouba. E muitos são, como alguns exemplos que cada um conhece poderia ilustrar. E não, evidentemente, os que beneficiam com a exploração e a especulação mas os que a sofrem e potencialmente diriam não ao que os expulsa da pátria, e poderiam acrescer os votos por uma política patriótica e de esquerda (e quantos estariam na manifestação de 18 de Outubro?!).
10-Mas há mais (claro!), como os votos em branco e nulos (+51% e +53% em relação a 2009), que se podem identificar como sendo os de quem, estando contra esta política, não deu ainda o passo por uma outra política, pela verdadeira alternativa; e também se poderiam juntar alguns casos de “grupos de cidadãos” – embora bem poucos… porque a esmagadora maioria são partidos escondidos (envergonhados?) com inde…pendências de fora.
Abstenção & Brancos e Nulos
Votos
dif.
% inscritos

2013
2009
%
2013
2009
pp
Brancos
193
95
98
50,8
2,0
1,0
1,0
Nulos
147
69
78
53,1
1,5
0,7
0,8
Abstenção
4502
3843
659
14,6
47,4
41,0
6,4

4842
4007
835
17,2
51,0
42,7
8,3


11-Os números e estas reflexões que suscitaram, sem quaisquer pretensões que não as de deixar breves notas a desenvolver, servirão para dar força à conclusão do tão significativo resultado das eleições autárquicas, passo em frente numa frente de luta. De uma luta que continua. Contínua. 

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