O deserto a norte
Em termos gerais imaginamos que o
deserto fica para sul. Em Ourém corremos o risco de o deserto ficar para norte.
Este ano, na região da Freixianda, com o encerramento das escolas e a anulação
de duas das nossas freguesias, parece ser a conclusão de um processo
intencional de desertificação forçada. Nem faltou o forte incentivo à nova
emigração, pela destruição de empregos decretada pelo governo do PSD. Restam os
que conseguem resistir ou os que já não têm idade para tentar. Fecham tudo, dos
serviços de saúde aos correios, para que aqui não haja nada.
De uma ponta à outra das três
freguesias, agora unidas à força pela vontade de um tal Relvas que foi
ministro, o abandono dos campos é evidente. Já o era nos matos e pinhais, agora
é também nas terras férteis das margens do Nabão. Desperdício de recursos a
somar ao perigo de incêndio.
Mas quem pode fazer alguma coisa? Os
proprietários ausentes, ou os herdeiros que andam por longe? Ou serão os poucos
proprietários que ainda restam mas que não têm capacidade se ocupar? Na verdade
há um papel fundamental a desempenhar pelas autarquias. Não é o papel de ser
polícia, nem é realizar os trabalhos de limpeza, até porque não havia orçamento
que aguentasse para uma área tão grande. O papel da junta é ser conselheira,
organizadora, maestro da banda, é ser liderança do esforço de todos. Uns podem
pagar a sua parte dos trabalhos, outros podem colaborar com o seu próprio
trabalho. Tem é de haver quem organize.
A junta de freguesia deve agir para
facilitar a limpeza e disponibilidade dos campos a quem os puder cultivar,
colaborar na gestão da água da rega. A câmara municipal deve colaborar no
fornecimento de informação sobre quem são os proprietários, sobre as linhas de
financiamento, sobre projetos viáveis.
Muitas vezes não é a quantidade de
dinheiro que permite a uma junta fazer muita coisa, é principalmente a
criatividade e imaginação para fazer mais com poucos recursos.
João Filipe Oliveira
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