quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Primeiro tira-se o “in”, depois tira-se o “de” e ficam apenas isso: uns pendentes!

O cineteatro, o palco, o desfile, a jura repetida do abaixo assinado, a solenidade corriqueira das tomadas de posse, o incidente: a presidente da assembleia cessante tem como último ato do seu exercício permitir que, em sua substituição, o presidente da câmara, ali mesmo empossado, tenha como primeiro ato do seu mandato dar a palavra ao, ali mesmo empossado, vereador Vitor Frazão.

Porque é que Vitor Frazão tem de falar ao microfone? Porque tem de voltar a lembrar que é independente ou porque tem de reconhecer publicamente que assinou um acordo que o torna dependente?

Francamente nem o ouvi. Distraí-me a pensar que dependentes e independentes somos todos, que não há nenhuma superioridade moral nos que se apresentam ao eleitorado como independentes, quer integrando listas partidárias quer de outros movimentos, que não há nenhuma inferioridade intelectual naqueles cuja intervenção política ou social se faz na militância de partidos, que os movimentos são organizações como os partidos, que esta moda dos movimentos independentes é uma grande treta tal como o acordo de que se fala…

Teria o dito sido iluminado, da mesma forma, pela graça da independência se há quatro anos atrás tivesse ganho as eleições para a câmara ou mesmo dentro do partido de que era dependente?
Um “acordo de governabilidade” não estabelece uma dependência? Face a um compromisso não é por vezes necessário sacrificar determinados sentidos de voto?

Qual independência qual carapuça, a nova assembleia municipal não é constituída por três forças partidárias e um movimento independente, é constituída por cinco grupos: PSD, PS, CDS, MOVE e CDU! Qual independência qual carapuça, a nova câmara municipal é um jogo de dependências tão frágil como a vida dos seus protagonistas!

Entretanto devem ter acontecido muitas coisas porque quando acabei de pensar já estava no palco uma nova presidente da assembleia a fazer o seu primeiro ato: falar ao microfone. 

1 comentário:

  1. Falar ao microfone, deve ser a única coisa que a presidente da Assembleia Municipal sabe fazer. E mal...

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