sábado, 2 de julho de 2016

Reunião AM de 29.06.2016 - Duas intervenções

01.03.

Intervenção:

Cumprimento e congratulo-me com a comunicação escrita do senhor Presidente da Câmara. Pela sua extensão, que permitiu a leitura, pelas festividades do dia do concelho.

Aceito e respeito a centralidade que é dada a Fátima e aos acontecimentos de 1917 e suas comemorações. No entanto, bem me parece que que igual respeito não estarão a merecer todos aqueles que não são crentes, aliás direito constitucional num Estado laico, ou até os que, professando a religião católica, inclusivé seus ministros, têm dúvidas e reservas relativamente ao que se festeja.
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01.04

Intervenção:
(no tempo atribuído a declaração política)

Senhora Presidente da Assembleia, Senhor Presidente da Câmara e vereadores, comunicação social e público presentes,
Caros co-membros desta Assembleia Municipal

Perdoar-me-ão se as minhas palavras vos levarem a descortinar algum menosprezo por este órgão e pelos seus membros, o que seria absolutamente contrário ao meu juízo e conceito de democracia. Nesse juízo e conceito, bem mais relevante é um órgão que resulta da escolha dos cidadãos vizinhos e compõe o Poder Local, que discute o saneamento básico e o muro, que uma qualquer comissão dita europeia que, ao toque de caixa dos mercados e das agências do capital financeiro transnacional e rating mais parece um colégio de frustrados mestres-escolas que ameaçam com palmatoadas os meninos que, cumprindo escrupulosamente as suas más lições e indo além das instruções, não tiveram resultados que eles considerem suficientemente satisfatórios. Mas só os da fila de trás (ou lá do sul)… porque a França é a  França!

O facto é que face ao que se passa na dita União Europeia, e da importância que isso tem para todos nós, para o nosso saneamento básico, para o muro do vizinho, a minha sanidade básica e a minha pessoal informação técnico-profissional, que há 60 anos se alimenta de integração europeia, me obriga a dizer o que poderá parecer deslocado em órgão democrático.

O não do referendo do Reino Unido à União Europeia não foi um não à Europa, pois espaços-nações do Reino Unido continuam todos no continente Europa apesar de se terem tornado numa real jangada de pedra, como escreveria o nosso, e por isso europeu, Prémio Nobel José Saramago.
Foi uma maneira de sair de quem nunca entrou na construção em que sempre esteve em opting out (isto é, optando por ficar de fora), e se juntou a outros nãos – um dos noruegueses em 1972 e, na década de 90, outros nãos dos mesmos noruegueses, dos dinamarqueses, dos suecos (à União Económica e Monetária), dos franceses, dos holandeses, nãos sempre ultrapassados com artes e manhas, sempre adiando o que agora parece (repito: parece!) não ter alternativa: o não dos povos e o desmantelar desta União Europeia, na sua configuração e projecto.

E nós, os cá do Sul? Nós, depois da reverente gratidão por nos terem destruído a economia produtiva – a pesca, a agricultura, os portos e estaleiros – por troca de efémeras e endividadas quimeras que bem caras temos que ir pagando mantendo-nos endividados, iludidos e migrantes, enredados num sistema monetário-bancário fraudulento. Nós? Basta de submmissão!
Tudo isto previsto e prevenido e sem remédio se remediado não for. Não!, não vos digo mais mas isto tinha de dizer neste mês de Junho de 2016, que não foi surpresa.

E regressando à terra, à nossa terrinha, só mais uma advertência, um exemplo de malfeitorias no Poder Local:
impuseram-nos outras uniões, uniões de freguesias, sem que os cidadãos tivessem realmente sido ouvidos para os apressados e atamancados arranjos. Em vários espaços do nosso País isso está a ser revisto e corrigido. E aqui?

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