sábado, 31 de agosto de 2013

O périplo à volta das obras feitas

Foi notícia a volta que, recentemente, o presidente da câmara e o presidente da junta deram à freguesia da Nª. Srª da Piedade. Visitaram obras em obra sem fim à vista, obras recentemente concluídas e, como é normal na natureza de gente de obra, não visitaram obras que faltam fazer. Foi assim que se deixaram fotografar nas intermináveis obras da Rua de Castela para prometer que os postes da rede elétrica que já não servem serão um dia retirados, foram também ao Cantinho para mostrar uma calçada, a ruas com nome de santa para mostrar asfalto, à ribeira, à passadeira, à saída da cidade e à entrada e, regista ainda o périplo uma fotografia mórbida do cemitério do Vale Travesso.
O senso comum exalta-se e queixa-se que estas obras só aparecem em tempo de eleições mas no fim os votos recompensadores lá aparecem. A gente que faz diz que não e não, que não há nada de eleitoralista mas a coincidência dos tempos de inauguração é já tradicional. 
Caber-nos-ia reconhecer que são obras que apenas tardaram na demora, que obra é obra e obra que se preze tem sempre um presidente merecedor de placa em mármore, e que isto é gente que não aproveita as campanhas eleitorais para fazer obra - se as faz agora é porque só agora houve dinheiro para vencer a "crise nossa de todos os dias". 
No entanto, temos de dar a mão à palmatória, contra este tipo de fazer política estamos de facto em desvantagem. Para  nós, estas pequenas obras são de facto importantes na melhoria da qualidade de vida das pessoas, constituem uma resposta às suas aspirações mas fazer delas palco de aplausos não só evidencia uma visão redutora do poder local como, mais grave, inculca nas populações essa ideia errada, da qual a democracia é a principal vítima.
Espalhar asfalto, desentupir sargetas, limpar valetas e prometer calçadas, apareça a primeira candidatura que se ponha ao lado. Da nossa parte, isso faz parte do quotidiano e não marca diferença. Diferença é gente diferente, que não concorre apenas com o primeiro intuito de ganhar, que não está rendida a poderes maiores, que não joga na critica às ações dos partidos na sua dimensão nacional e lhes rende a obediência na intervenção local, que quer ter voz criativa na afirmação do poder local e que quer lugar para denunciar o seu abafamento. 
Como resposta ao que de obra foi feito, poderíamos listar uma quantidade enorme de coisas mal feitas ou que faltam fazer. Não vamos por aí. O nosso caminho será feito pelos que votarem em nós, a nossa obra será ditada por uma gestão pensada, o que nos move é o exercício da democracia. E a democracia está diminuída quando apenas eleitos de dois partidos (dos tais que mostram obra) tem voz na Assembleia de Freguesia da Nª. Srª da Piedade!!!...
Legenda: "Olhem lá para a rua! Preta! Como ficou bonita! 

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