sexta-feira, 14 de julho de 2017

Assembleia Municipal de 30.06.2017

Para a acta:

Senhora Presidente e Mesa, Senhores presidente e vereadores da Câmara,
Público e Comunicação Social presentes, Caros Colegas,

 Senhor Presidente da Câmara,

Quando, ontem à noite, ao ultimar a minha preparação para esta sessão, abri o mail com a comunicação escrita de Vossa Excelência, confesso que fiquei perturbado, o que poderá parecer anormal na minha provecta idade e experiência em andanças destas. Mas foi um facto!
É verdade que o homem é o seu estilo, e bem conheço, até por relações de simpatia e amizade antigas, o seu estilo… mas desta feita Vossa Excelência excedeu-se.
Esta comunicação escrita é uma peça "surrealista".

Comecei por estar coincidente consigo na palavra solidária e fraterna para com as vítimas dos incêndios que nos fustigaram (para o que preparara a nossa intervenção política), embora bem dispensasse o toque de ataque político-partidarite que quis introduzir antes do fecho muito pertinente que deu ao tema da floresta e seus proprietários.

Mas… depois parece que o toque foi outro. Fez-me lembrar o toque divino da Criação de Adão, no célebre quadro de Miguel Ângelo.
Vossa Excelência parece em estado de graça. E permita-me que lhe diga, como a todos os membros desta Assembleia, que nós não somos ou fomos presidentes de Câmara, nem presidentes de Junta, nem deputados – aqui, na Assembleia da República, no Parlamento Europeu –, nós estamos ou estivemos nessas funções. E somos ou seremos avaliados, não diria julgados…, e cumprimentados (ou não!) pelo desempenho que temos ou tivemos nessas funções e nas nossas vidas, que não têm compartimentos estanques.
Congratulo-me com os cumprimentos que Vossa Excelência recebeu e recebe – e vai somando com vista ao futuro… – no desempenho das funções para que foi eleito, embora alguns desses cumprimentos me pareçam por demais excessivos. Aliás, como Vossa Excelência é … mas, por vezes, excede-se!

O tempo obriga-me a passar adiante quando tanto me pedia para abundar neste registo. No entanto, não posso deixar de contrariar a interpretação de Vossa Excelência de que a por si chamada “jóia preciosa” tem sido sempre esquecida pelos governos de Portugal quando, na minha já longa vida, tive o privilégio (salvo seja…) de viver muitas coisas, entre elas o período em que Fátima foi apoiada pelo fascismo nacional (e apoiou este), depois da fase reticente da Igreja em aceitar e adoptar a versão dos acontecimentos, e antes do seu aproveitamento mundial, de que foi intérprete máximo Pio VII, na chamada guerra fria.
Leituras ou versões em que não podemos todos coincidir, sem prejuízo pelo muito respeito que tenho por quem escora as suas leituras e versões em fé e crenças que não tenho e não em dogmas que, estes sim, recuso.

Adiante! Porque tenho de deixar duas notas ou perguntas.
Senhor Presidente, que acordo é esse “entre o Município de Ourém e uma Universidade prestigiada de Lisboa para desenvolver alguns estudos e projectos”, que lhe saltou da cartola inopinadamente?
Mais uma vez: que é feito do trabalho da CESO?, está ao caminhar para fazer companhia ao Congresso de 2010, no arquivo dos esquecidos?

Para terminar, que vivam as boas festas, ensombradas pela indiferença relativamente à tragédia que assolava as vizinhanças, que viva o Agroal azul, que viva o Grupo Desportivo de Seiça, campeão do mundo amador, e todo o associativsimo
e a confissão de que não percebi o pensamento que Vossa Excelência nos pede para termos presente. Não que tenha dúvidas sobre quem somos e quem são os nossos, mas quer Vossa Excelência elucidar-nos quem são os outros com que não está e com quem, de vez em quando, está de acordo. Quem são os outros?


(…) Na reacção à resposta pelo senhor Presidente da Câmara, Sérgio Ribeiro disse, em síntese,
a)     Que queria não entrar em debate pictórico ou sobre surrealismo mas não conhecia obra de Dali sobre o inferno - a que ele estaria condenado - e deveria ser confusão com Bosch e o Jardim das Delícias, que preferia…
b)    Sobre Fátima, aceitava a situação de hoje como um facto mas isso não o impedia de questionar como se chegara a ela e de denunciar as mentiras em que assenta a versão que motiva a fé dos crentes, crentes por quem tem o maior respeito… e não para o redimir das penas infernais a que parece condenado.
c)     Esclarece que apenas quer afirmar que a carta do Papa Francisco foi dirigida ao Presidente da Câmara de Ourém, que se chama Paulo Fonseca, e não a Paulo Fonseca, pelo não é pessoal (a título de exemplo, referiu a carta citada no início da sessão pela Presidente da Mesa que dirigiu, com muito gosto e admiração à professora Deolinda Simões e não à Presidente da Mesa)-
d)    Sublinhou não ter tido resposta às perguntas sobre o acordo com “univeridade prestigiada de Lisboa” e sobre o trabalho da CESO




DECLARAÇÃO POLÍTICA

Muito obrigada, Senhora Presidente,
Aos cumprimentos protocolares que já fiz, junto os meus aos cumprimentos ao doutor António Gameiro pela edição e lançamento do seu novo livro. Congratulo-me… e que continue.
Aproximam-se as eleições autárquicas… se é que não estamos já no meio delas. Mas um acontecimento se lhes impõe, ainda que desastradamento aproveitado para se introduzir na baixa política.
Não se pode dizer que se previa a dimensão da tragédia que nos atingiu. A Portugal, aos portugueses, ao interior do País que somos. Mas previam-se os incêndios do verão, e que com o verão chegaram. E se hoje nos entre-acusamos por não termos prevenido, a dimensão da tragédia faz com que nos devamos unir na reflexão do que trouxe até ela e que tantos de nós atingiu… a tantos que somos todos!
E não será uma qualquer reforma florestal de um qualquer governo que resolverá o problema de fundo e a prioridade à prevenção.

Mas a política é isto. A política tem de ser isto!
Neste orgão deliberativo do Poder Local aprovou-se, em Fevereiro deste ano, uma moção sobre descentralização administrativa em que se afirma a descentralização  como condição essencial para o desenvolvimento local e regional; se reivindica a criação das regiões administrativas, indispensáveis a um processo coerente de delimitação de responsabilidades entre os vários níveis de administração, a uma reforma democrática de administração, à defesa da autonomia dos municípios; se exige a eliminação das restrições à autonomia do poder local em matéria financeira, orçamental, organizacional, material e humana(…)
Foi nossa a proposta, mas foi nós todos, de todos nós, a deliberação. E vai ela ao encontro do que é urgente fazer para que haja um ordenamento do território, tão urgente e que verdadeiramente previna o que tem de ser prevenido.
A deliberação também foi uma lição de política. Para mim, foi!
Dos 4 pontos aprovados, um teve 16 votos a favor e 15 contra. Por um voto passou a ser de todos, não importando quem o propôs. Como, para o bem e para o mal, é a essência da democracia representativa. E subscrevo as chamadas de atenção para a relevância do órgão deliberativo.

Assim foi este mandato, em que, no executivo, a composição foi 3+3+1, com todas as virtualidades que tão malbaratadas foram.
Mas a democracia só se completa se a representativa contribuir para reforçar a participativa, em que, a todos os níveis, todos possam intervir na vida social. E se há Esta parecerá uma intervenção despropositada. Talvez o seja. Mas terá já um som de fim de mandato, de fim de mandatos, de partida. De partida para outra, procurando deixar algumas sementes. E quem, com vantagens evidentes, substitua quem partir.
Boas férias!  
nível em que as duas faces da democracia se aproximam – ou podem aproximar – ele é o do Poder Local, ele é o das freguesias!  Das freguesias que não podem ser desenhadas e decididas do Terreiro do Paço… ou de bem mais longe, impondo-as a um Poder Central em perda de soberania e este impondo-a ao Poder Local.


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