Volta e meia acusam-me de
ser uma pessoa com apenas dois assuntos: Politica e plantas. Naturalmente
discordo, é que as Plantas também contém politica apesar de não a serem.
Por absurda que pareça
esta intercessão Politica, a diferença fundamental entre a organização do Reino
Vegetal e a organização Social do Homem, nem sempre parece óbvia ou aparece
sequer nas politicas. Numa dominam as
relações profundas de dependência dos factores naturais, na outra, apesar da
necessidade desses mesmos factores naturais, o Homem actua e dominou uma parte
desses recursos em seu proveito, nem sempre com proporção e muito menos
justiça, apesar da tendência natural para o equilíbrio entre o Homem e o seu Meio
continuar a ser a força motora dos acontecimentos que Lhe permitiram a
ocupação, sobrevivência, desenvolvimento e multiplicação na geografia do mundo.
Ao longo dos milénios tornámo-nos um ser social cada vez mais complexo e organizado,
com algumas variações e muitas assimetrias nas várias regiões do humanidade e,
claríssimo, dentro de cada uma delas.
Todo o Desenvolvimento
atingido permitiria, agora mesmo, a garantia de satisfação de todas as necessidades
da Humanidade, tomando apenas aquelas inscritas na Declaração Universal dos
Direitos do Homem.
E de botânica ou
agricultura, sabemos que as plantas não tem direito à educação ou à saúde, e
muitas vezes nem direito a um oikos
ou sítio onde existir. As plantas apesar de terem organizações sociais, (a Fitossociologia
caracteriza os conjuntos de plantas que geralmente co-habitam em determinadas
áreas) podem entreajudar-se e ter relações complexas de mútuo benefício sem
expressar emoções detectáveis ou desenvolverem órgãos colectivos
complexos, sintetizam açucares a partir
do dióxido de carbono! detectam a luz, a escuridão, o contacto, atraem animais
polinizadores, dispersores, às vezes predadores dos seus predadores, e, ainda
produzimos com elas quantitativamente, 80% do alimento da Humanidade.
As plantas fazem tudo
isto e apesar disso não sabem ler nem escrever. A verbalização é discutível, há
os que falam com elas ( misturar água, ou retirar água à fala resulta na
maioria dos casos) mas relatos das ouvirem, são geralmente delírios inofensivos
ou problemas de saúde.
Direitos das Plantas
quase só os dos privilégios da agro-indústria. injusto! Deviam ter muitos mais,
são os Produtores primários, com tantas necessidades e benefícios que nos
satisfazem, não é?
Se calhar era preciso que
aparecesse aí um Carvalho de corrida, lutando pelos direitos dos seus pares vegetais.
Direitos que contrabalançassem a luta de classes entre os matos, prados,
sapais, dunas e bosques e os campos agrícolas, habitacionais, industriais,
eucaliptais e recreativos.
Um Carvalho de corrida que lutasse também por
nós caro cidadão, enquanto nos roubam o direito à Saúde, à Educação e ao Trabalho,
podíamos finalmente não fazer nada, ficar fora disto, - aproveitar e ficar fora disto em casa, ficar fora disto a passear, ficar fora disto no
Desemprego e vice-versa, ficar fora
disto na Escola, ficar fora disto
no Centro de Saúde, ficar fora disto
nos Transportes enfim, desligar o Cidadão e tirar o Carvalho de corrida do
pousio. Responsabilizá-lo.
Um Carvalho de corrida bem entroncado, é tão
útil como o Cidadão alienado. Não há nenhuma razão objectiva para achar que a
apatia social e politica do Carvalho de corrida seja inferior à do Cidadão. Um
Carvalho de corrida cheio de angústias vegetais pode muito bem, por analogia,
desejar com mais firmeza travar esta evolução para uma espécie de couve ou
outra hortaliça qualquer, onde já muitos vegetamos, sem distinção nenhuma mesmo
entre os mais distinguidos, que raríssimas vezes são distintos.
Desabrolhem-se!
Marco Jacinto
publicado no Notícias de Ourém de 3 de Julho de 2014
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